quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A estreia na nova escola

As aquisições vêm devagarinho, na contramão da rapidez que vejo lá fora. Enquanto as mães dos amiguinhos lamentam que seus filhos já não sejam mais bebês e que estejam se tornando pessoinhas tão independentes, tudo o que eu mais quero é que o meu, aos 6 anos e meio, deixe de ser um bebê. Em compensação, os pequenos progressos renovam minhas esperanças.

Vejam só:

Lu, fizemos muita bagunça com espuma de barbear! Felipe amou e nomeava as partes de seu corpo para eu colocar o creme! Acho que a terapia agora será no banheiro! A mensagem, via SMS, chegou quinta passada. Era da Adriana, fonoaudióloga que começou a atender o Felipe recentemente.

Hoje fizemos uma atividade com animais. Felipe sabia o nome de todos e conseguiu achar todos os pares. Depois fizemos uma atividade de agrupar as cores, ele entendeu logo e acertou todas. O melhor foi quando eu fui buscar seu remédio e, quando voltei, Felipe tinha ido ao banheiro fazer xixi sozinho e fez tudo certo. Está virando um rapaz! Em relação aos amigos, ele se aproximou mais da Pilar hoje, trocaram vários abraços e beijos. Uma hora um amiguinho chorou e Felipe se aproximou, deu um beijo e falou "não chora" . O relato que chegou por e-mail, na quarta passada, é de Karina, mediadora escolar de Felipe há um ano. Era o terceiro dia de aula dele na nova escola.

É claro que nem sempre tudo é festa. Tem muito choro por motivos que não entendemos, comportamento opositor, muita agitação e a linguagem não progrediu muito. Mas vamos lá, muita calma nessa hora.

Ando meio sumida do blog porque, nesse período de mudanças, eu queria me dedicar mais à observação do desenvolvimento do Felipe. Mas precisava dar uma passadinha aqui para contar a todos que conseguimos (ufa!) uma escola para o principezinho. Essa é a mudança principal e que agora é o foco de nossas atenções. A escolhida é uma instituição regular, mas com um projeto estruturado de inclusão de crianças especiais. Já havíamos tentado vaga no ano passado, mas, na ocasião, não rolou. E eu chorei muito por isso. Só que, para quem acredita, Deus escreve certo por linhas tortas: 2012 acabou sendo um ano de estreitamento de laços importantes do Felipe com os amiguinhos da antiga creche.

Agora, Felipe está no primeiro ano do ensino fundamental, mas numa classe especial de alfabetização chamada de Alfa. São 6 crianças com dificuldades de aprendizagem. A ideia é que, quando estiverem alfabetizadas, elas sejam inseridas nas classes regulares. Por enquanto, trabalham a socialização em aulas como educação física e artes e no recreio.

Na minha visão, essa proposta tem pontos positivos e negativos. A vantagem é que o ensino na classe especial é num ritmo possível para o Felipe, com um currículo adaptado para a sua forma de aprender. O negativo é que os coleguinhas com quem Felipe está a maior parte do tempo, assim como ele, não interagem muito, pois não sabem bem como fazer isso. E aí a socialização fica, acho, um pouco prejudicada. Posso estar errada, claro.

E já que o assunto é o convívio de crianças especiais e neurotípicas (nome difícil para crianças com desenvolvimento normal) no mesmo ambiente escolar, queria fazer aqui uma ode à inclusão! Por que vale a pena incentivar o convívio de seu filho com uma criança especial? Porque ele vai conhecer melhor as diferenças e, portanto, dificilmente vai se tornar uma pessoa preconceituosa. Porque ele vai aprender que não existe só um jeito de brincar, ou de se comunicar, ou de ser, e se tornará alguém mais flexível. E porque ele vai aprender que estamos aqui para ajudar uns ao outros. Certo?

Até!

O sorrisão de Felipe ao experimentar o uniforme da escola nova

 

Felipe (à esquerda), na formatura da creche, com os amigos do peito