quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Festa, quatro anos depois

Agosto de 2011. Aniversário de 5 anos do Felipe, ainda sem diagnóstico. Eu, com um barrigão de oito meses de gravidez, à espera do Rafa, queria que meu príncipe tivesse uma bela festa. Afinal, viria um irmão por aí, e eu achava que ele precisava se sentir amado, festejado.

Bufê, decoração, cama elástica, piscina de bolas, recreação, tudo acertado. Quando contei sobre a festa para a médica que acompanhava o Felipe, ela sugeriu que cancelássemos tudo. Me recusei. Achava que ia dar tudo certo. Não deu.

Nunca gostei de muito barulho. Então, a festa não tinha música alta nem animadores com microfones. O grupo de recreação, aliás, era ótimo. E a ideia de distribuir instrumentos musicais para as crianças tocarem e cantarem juntas uma cantiga parecia realmente divertida. Não para o Felipe. Ou não para ele naquele momento.

Veio a crise. Tentei contornar e, aos poucos, Felipe acabou se acalmando. Mas, ainda que não fosse uma mega festa, era muita gente ao redor dele. Uma decoração com muitos estímulos visuais. No fim das contas, foi um aniversário sem um sorriso do aniversariante. E com uma mãe triste e frustrada.

Nos agostos seguintes, pós-diagnóstico, não ousei pensar em festa. Comemoramos os 6 anos de Felipe com um piquenique no Jardim Botânico. Só a turminha da creche, ele e mais sete amiguinhos. Os 7 e 8 anos foram festejados com um bolinho na escola, na hora do recreio. O príncipe ficou feliz.

Agosto de 2015. Aniversário de 9 anos. Decidi fazer uma festinha para Felipe. Para ele, preciso frisar. Foram convidados os coleguinhas mais próximos. A música era tão baixinha que nem se ouvia. A cama elástica e o tobogã que ele gosta estavam lá. Coloquei a mão na massa e cuidei da decoração - coisa simples, mas bem coloridinha. E caprichada. Porque meu filho merece.

O resultado? Nem preciso dizer. Sabe aquela história de "uma imagem vale mais que mil palavras"? Dá uma olhada. Ele não ficou só feliz. Ficou radiante.

Para outras famílias que passam por essas dificuldades, fica a dica: não dá para deixar de viver a vida porque se tem um filho autista, mas que tal tentar adaptar algumas coisas para ficar do jeitinho que ele vai se sentir confortável? E, com o tempo, ir inserindo novidades para ele se acostumar aos poucos?