terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um mundo que não é cor-de-rosa... mas é colorido!

Se tem uma coisa que aprendi com o Felipe, foi a não julgar as pessoas pelas aparências. Aquela criança que chora demais, grita demais (seja por estar brava ou por estar feliz), bate nas outras ou é inconveniente, talvez não seja o resultado de uma educação displicente ou tolerante demais. Pode ser que essa criança seja autista e não tenha as ferramentas necessárias para dizer ou mostrar o que quer, o que precisa, o que sente. E que a única forma de comunicação de que ela dispõe é o grito.

Pois é. Aqui, depois de mais ou menos uns 8 meses de bonança, estamos passando por uma tempestade. Crises intermináveis de choro, gritaria e rompantes de agressividade. Aparentemente, começou do nada. Mas é claro que não foi do nada. Pensei muito para tentar descobrir o que poderia estar angustiando meu menino. Nada no autismo me dói mais (e me deixa com muita raiva, pra falar a verdade) que vê-lo sofrendo.

Tudo começou no dia anterior à volta ao trabalho de Carlos, que ficou de licença médica por um período longo. Seria esse o motivo? Um sofrimento pela "separação do pai"? Ou, quem sabe, uma ansiedade causada pelas conversas dos adultos sobre a escola na qual estudará ano que vem. A verdade é que, porque Felipe não nos faz perguntas, sem querer deixamos passar algumas explicações que deveriam ser dadas. Não explicamos que, agora que papai está melhor, já pode trabalhar e por isso está passando menos tempo em casa. Também não contamos que, por que ele está crescendo, a partir do ano que vem terá de frequentar uma escola nova e conhecerá novos amiguinhos. Ops, erramos feio.

Mas esse parênteses foi porque eu queria dizer o seguinte: autismo não é falta de disciplina. O autista tem dificuldades com o novo, prefere a segurança da rotina. Suas percepções sensoriais são desorganizadas. Significa que visões, sons, cheiros, gostos e toques do dia a dia, que talvez você sequer note, podem ser extremamente incômodos para ele. Então, por favor, não faça cara feia se uma criança na mesa ao lado do restaurante, ou na pracinha, ou na fila do supermercado, grita muito. Procure ser compreensivo se uma criança desconhecida bateu ou tirou um brinquedo da mão do seu filho.  Talvez ela esteja querendo fazer amizade, só não sabe direito como iniciar essa relação. Ah, e por mais atenta que a mãe seja, às vezes alguns comportamentos considerados inadequados vão lhe escapar.

E se o nosso mundo não é totalmente cor-de-rosa, tudo bem. Ele tem um pouco de rosa, um pouco de azul... como o céu de fim de tarde do dia em que Carlos tirou essa foto, na praia do Leme. Foi para onde ele levou Felipe numa tentativa de acalmá-lo depois de uma crise de choro das brabas. Deu certo!



10 comentários:

  1. Colorido é bem melhor! Lu, ainda que você tivesse explicado com antecedência, a reação poderia não ser boa. Aquilo o que você considerou uma falha certamente foi suprido pela sua máxima atenção e carinho! Dias melhores virão, tenho certeza. Conte conosco. Bjs!

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    1. Isolda, querida, quando digo que erramos não estou carregando uma culpa não, é só uma constatação. A gente não acerta sempre, é claro! Mas agora quero ficar mais atenta a isso, explicar mais as coisas para o Felipe, mesmo que ache que ele não está entendendo ou prestando atenção. Beijo!

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  2. Luciana, costumo dizer que vivemos numa gangorra. Mas tenha certeza que tudo vai ser superado! Um beijo grande pra este fofo! Ahhhh e esta foto é digna de prêmio, hein!!! Que linda!

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  3. Daniela, é isso, dias de altos e dias de baixos. O que importa é que Felipe (e o Rafa, também) nos faz muito felizes! A foto foi tirada pelo pai com o celular. Linda mesmo, né? Beijos!!

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  4. Lindo o texto e linda a foto!!! Lu, mas isso acontece aqui tb! Tem semanas que parece que o Rodrigo tira só para nos testar mesmo, seja com birra, seja com mal criação... Felipe está percebendo mudanças e claro, deve sentir em vcs alguma ansiedade no ar. Mas aos poucos passa!
    Bjs amiga! Fico tão orgulhosa de vc!

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    1. Pois é, amiga. Torcendo pra ser só uma fase chata, que dá e passa bem rápido, hehehehe... Beijão pra vc e pro Ro.

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  5. Luluzinha, um dia desses lí um comentário em uma reportagem sobre educação infantil que adorei: "Sempre soube como educar meu filho até o dia em que ele nasceu!" Não existe fórmula, nem momento certo, somente muita tentativa e compreensão... Sobre o Felipe (que é o príncipe da tia também), passei a semana pensando nele. Terça-feira a televisão francesa passou um documentário-ficção sobre autismo (que é a causa nacional em 2012). Falava principalmente da síndrome de Asperger, mas foi bem esclarecedor para mim, ainda que eu tenha críticas sobre o formato apresentado. Precisamos conversar com calma sobre todas as informações. Devo dizer, no entanto que, logo no início, houve um ponto que me fez pensar nessa crise do Felipe: a reação do autista é sempre exagerada, pois ele não consegue conter a frustação. Uma pequena tristeza pode ter dimensões enormes para o autista. Acho que o Felipe fez prova dessa intensidade nessa semana. O bom é pensar que toda tristeza e frustação passam, então essa crise vai passar também! Beijocas!

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  6. Joyce, é isso, Felipe é intenso... Suuuper feliz ou suuuuper triste... Mas tomara que seja assim, só uma dificuldade de lidar com algumas novidades momentâneas, mas que daqui a pouco não serão mais novidades... Vamos nos falando, beijos pra vcs aí, um especial dos primos pra Rosa!

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  7. Olá Lu .... Esses dias nao ta nada facil pra mim, o meu filho tá com crises de irritabilidade, fica nrsvoso do nada, grita, comecou a ranger os dentes, já nao sei mais como agir. Estou muito perdida e confusa. Estou na esperanca de q vai passar, q é apenas uma fase. Muito lindo seu blog. Parabéns !!! Bjs pra vcs ...

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  8. Olá! Não apareceu seu nome, é alguém q conheço? Bom, sei bem o que vc está passando, tb me sinto perdida. A dica q posso te dar para o ranger de dentes é q vc compre um garrote (tubo de látex) e coloque-o para mastigar, eles costumam gostar pois alivia a tensão. Foi assim q Felipe parou de ranger os dentes. No mais, é ser paciente (mas sei que é fácil falar, não dá para ser paciente 24h por dia). Diga que vc entende que é difícil para ele e que quer ajudar. Beijo e obrigada!

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